terça-feira, 12 de abril de 2011

Perdoa-me visão dos meus amores,

Se a ti ergui meus olhos suspirando!... 

Se eu pensava num beijo desmaiando 

Gozar contigo a estação das flores! 

De minhas faces os mortais pavores, 

Minha febre noturna delirando, 
Meus ais, meus tristes ais vão revelando 
Que peno e morro de amorosas dores... 

Morro, morro por ti! na minha aurora 
A dor do coração, a dor mais forte, 
A dor de um desengano me devora... 

Sem que última esperança me conforte, 
Eu - que outrora vivia! - eu sinto agora 
Morte no coração, nos olhos morte!

Álvares de Azevedo

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